PROPÓSITOS E IMPORTÂNCIA DA BÍBLIA

O termo “Bíblia” provém do grego ta biblia, “os livros”. Contém os livros sagrados:

a) do Judaísmo, a Bíblia Hebraica: de Gênesis a Malaquias; e

b) os livros do Cristianismo (documentos apostólicos): de Mateus a Apocalipse.

A palavra “Bíblia” não consta do texto bíblico como um conjunto de livros sagrados.

O uso da palavra grega biblia foi feito por Paulo a Timóteo quando solicitou para que lhe levasse até Roma, em seu segundo aprisionamento, seus livros e pergaminhos: “Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, bem como os livros [grego:ta biblia], especialmente os pergaminhos [grego: membranas]” (2Tm 4.13).

Não sabemos se algum deles (biblia ou membranas] estava se referindo a um livro

sagrado.

PROPÓSITO DAS ESCRITURAS SAGRADAS

Além da cruz, outra grande demonstração do amor de Deus foi a sua Revelação.

O Criador não precisava nem se revelar nem salvar ninguém, mas o Seu amor é

inexplicável. Logo, a CRUZ e a BÍBLIA são inequívocas “provas” de que o SENHOR se

preocupa conosco, de que Ele verdadeiramente nos ama.

O texto de Paulo a Timóteo esclarece muito a respeito do objetivo das Escrituras:

… e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus.

Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra (2 Timóteo 3.15-17).

TODA a Escritura Sagrada é útil para:

1) O ENSINO: do grego didaskalia, aquilo que é ensinado, doutrina. No contexto cristão, o conjunto de verdades bíblicas.

2) A REPREENSÃO. Do grego elenchos: verificar, testar, provar. Significa repreender com causa suficiente, levar alguém à confissão ou, pelo menos, à convicção de pecado. Em outras palavras, é convencer.

3) A CORREÇÃO: do grego epanorthosis: correção, aperfeiçoamento de vida ou do caráter. No contexto cristão, o padrão é o caráter de Jesus Cristo.

4) A EDUCAÇÃO NA JUSTIÇA. Grego paideia + dikaiosyne.

Paideia: abrange todo o treino e educação infantil. Diz respeito também ao cultivo de mente e moralidade, e emprega para este propósito ordens e admoestações, repreensão e punição. Também inclui correção de erros e contenção das paixões.

Dikaiosyne: num sentido amplo: justiça, sinceridade, geralmente denotando as características de retidão e de justiça (grego dikaios) (MT 5.6); esta justiça é um atributo

divino transferido aos discípulos de Cristo pelo Espírito Santo agindo através da Palavra crida.

A fim de conduzir o homem e a mulher de Deus a serem:

1) PERFEITOS.

Do grego artios: completo, perfeito.

2) HABILITADOS PARA TODA BOA OBRA.

Grego exartizo (“x” com som de ks): completar, terminar, suprir com perfeição, chegar ao final.

Grego agathos ergon: bom negócio, bom serviço, bom trabalho.

A perfeição que a Palavra nos possibilita alcançar não é para sermos arrebatados já, como dizem alguns. Mas, para que sejamos qualificados a desenvolver um trabalho excelente de evangelização e ação comunitária no mundo (Ef 4.11-16).

HISTÓRIA DE AMOR, SALVAÇÃO E RELACIONAMENTO

Embora a Bíblia possua informações científicas, literárias e filosóficas, seu objetivo é RELACIONAMENTO. Fomos criados pelo único Deus que é santo. Tornamo-nos pecadores, imperfeitos, contaminados pelo pecado. A Bíblia descreve o único Deus santo e amoroso que agiu na história (e continua agindo) para restabelecer o relacionamento entre Ele e nós; entre o Santo e os pecadores. Logo, é uma história de amor e salvação.

Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida; e não apenas isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio de quem recebemos, agora, a reconciliação” (Romanos 5.10,11).

Os discípulos de Cristo possuem como missão diminuir o sofrimento do mundo através do ensino do Evangelho e de ações humanitárias.

“Toda a Escritura” equivale a 100% do seu conteúdo.

O fato de não conseguirmos extrair a utilidade de alguma parte do texto bíblico não identifica uma exceção a esta declaração. Mas, sim, a limitação do leitor em compreender a utilidade daquele texto.

“Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer” (João 15.15).

Toda a Bíblia é cristocêntrica

A Bíblia é cristocêntrica, ou seja, gira em torno do Messias Jesus e sua missão restauradora. Desde o Éden está em ação o Programa para Restauração de Todas as Coisas: primeiro da humanidade com Deus (isto ocorreu na 1ª vinda) e depois de todo o cosmo novamente se tornar uma perfeita extensão do céu (ocorrerá a partir da 2ª vinda).

Observe os textos abaixo:

Gênesis 3.15 – A primeira profecia messiânica logo após a queda.

Gênesis 12.1-3 – A chamada de Abraão para se tornar o cabeça da nação (Israel) de onde viria o Messias.

2 Samuel 7.16 – O trono de Davi seria estabelecido para sempre através do seu descendente maior: o Messias.

Isaías 52.13 – 53.12 – A primeira vinda do Messias é profetizada: sua morte substitutiva por todos os pecadores.

Apocalipse 21 e 22 – A profecia do início de uma nova história humana, quando todo os efeitos e consequências do pecado forem eliminados.

Será definitivamente respondida a oração do Senhor Jesus:

“venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mateus 6.10). Ou seja, o céu e a terra novamente se tornam um.

Foram relacionados somente alguns versículos. Mas, toda a revelação gira em torno da obra messiânica restauradora.

Aconselha-se ao estudante das Escrituras que descubra em cada livro da Bíblia esta ênfase cristocêntrica, a qual muito contribuirá para a correta interpretação.

A IMPORTÂNCIA DA BÍBLIA

A Bíblia é o livro mais notável e impactante em todo o mundo. Instituições, indivíduos e famílias inteiras têm testemunhado sobre o seu valor através dos séculos. É uma fonte de verdades, de promessas e de mandamentos que são confirmados no dia a dia do fiel. É como um belo edifício que não existe apenas para ser olhado e admirado. É preciso entrar e desfrutar de tudo o que há dentro dele.

Angus (p. 18) alerta ao estudante das Escrituras que o estudo de livros cristãos não pode ser confundido com o estudo da própria Escritura. Os livros auxiliares são apenas ferramentas para ajudar o estudante a obter uma interpretação verdadeira, compatível om

o propósito do supremo Autor (Deus) e de seus autores (homens santos de Deus).

Viertel (1979, p. 18) destaca alguns motivos por que as Escrituras Sagradas são importantes:

1) A Bíblia explica a origem do ser humano e o propósito da sua existência.

Sem as Escrituras o ser humano seria considerado mais uma espécie de animal, surgido do acaso, sem um propósito de existência mais sublime. A existência de um criador seria apenas uma hipótese dentre inúmeras outras. Tudo se resumiria a filosofias e especulações, sem qualquer possibilidade de certeza.

Contudo, a Bíblia deixa claro que há um só Deus, um ser absolutamente perfeito, eterno, que decidiu criar tudo e compartilhar com a humanidade essa criação. Criou-nos para nos

relacionarmos com Ele e desfrutarmos de tudo o que Ele é, fez e ainda fará. Mais do que Criador, Ele quer ser nosso amigo, relacionar-se conosco:

Ouça, ó Israel: O Senhor, o nosso Deus, é o único Senhor. Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todas as suas forças. Que todas estas palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu coração. Ensine-as com persistência a seus filhos. Converse sobre elas quando estiver sentado em casa, quando estiver andando pelo caminho, quando se deitar e quando se levantar (Dt 6.4-7 NVI).

2) A Bíblia é importante, pois fornece orientação para a vida diária dos cristãos.

O mundo espiritual é invisível e jamais seria conhecido sem a Revelação. São apresentados nas Escrituras conceitos como: pecado original, universalidade do pecado, céu (onde Deus mora), realidade espiritual (anjos, demônios), Hades (prisão provisória os pecadores), Geena (destino eterno dos pecadores, segunda morte), ressurreição, mundo vindouro etc.

É certo que algumas verdades não são detalhadas, pois a Revelação nos foi dada com objetivos específicos. Porém, ela é bem clara quanto ao padrão moral divino que devemos viver. Fornece-nos leis, princípios e orientações para um relacionamento saudável do indivíduo consigo mesmo, com o próprio Deus, e com o seu próximo. A obediência a esses preceitos resultará em um estilo de vida que promova harmonia e equilíbrio interior e exterior.

Por exemplo, no livro de Provérbios não há informações sobre a existência do mundo espiritual. Todo o livro mostra o caráter divino que os filhos de Deus devem possuir.

É verdade que o Senhor Jesus nos deixou preciosas informações sobre o mundo invisível

(Lucas 16.19-31), mas deu maior ênfase ao caráter que os seus discípulos devem possuir.

Explicou-nos que ser filho de Deus não é apenas um direito, um privilégio, mas um dever de agir como Deus agiria em nosso lugar. Observe esta ideia nos seguintes versículos:

Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus” (Mateus 5.9).

Amai, porém, os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem esperar nenhuma paga; será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo. Pois ele é benigno até para com os ingratos e maus” (Lucas 6.35).

Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (Romanos 8.14).

… para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo” (Filipenses 2.15).

Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica justiça não procede de Deus, nem aquele que não ama a seu irmão” (1 João 3.10).

A Bíblia objetiva que tenhamos um relacionamento perfeito com Deus, com nós mesmos e com o nosso próximo (Mt 22.37-40; Ex 20.1-17).

3) A Bíblia é importante porque conduz o ser humano condenado e dominado pelo pecado ao ÚNICO salvador e libertador: o Messias Jesus.

A alma humana agoniza. Há uma sentença de morte e juízo eterno sobre cada indivíduo (Jo 3.36). O pecado escraviza, domina, controla, destrói. Os demônios, como sanguessugas cruéis, aproveitam-se desta situação e pioram ainda mais a condição humana.

Somente através do CONHECIMENTO e OBEDIÊNCIA à Verdade Divina a humanidade poderá ser reconciliada com o Todo-Poderoso, escapar do juízo eterno e triunfar sobre todos os males.

a) A obediência à Revelação nos torna justos e nos garante vitória sobre todas as aflições: “Muitas são as aflições do justo, mas o SENHOR de todas o livra” (Salmos 34.19). É uma promessa não para todos; mas aos comprometidos na prática da justiça divina: os justos.

b) A obediência à Revelação nos garante vitória sobre o reino das trevas: “Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tiago 4.7). Alguns pregadores eliminaram a primeira parte do versículo: “sujeitai-vos a Deus”. A vitória sobre o Reino das Trevas começa com a nossa obediência.

c) A obediência à Revelação nos permite desfrutar de uma vida abençoada pelo SENHOR:

E Moisés disse ao povo: —Hoje vou deixar que vocês escolham se querem bênção ou maldição. Vocês receberão a bênção se obedecerem às leis do SENHOR, nosso Deus, que estou dando a vocês hoje; ou receberão a maldição, se não obedecerem às suas leis, mas rejeitarem os mandamentos que eu lhes estou dando hoje e adorarem outros deuses que vocês não conheciam (Deuteronômio 11.26-28 NTLH1).

d) A obediência à Revelação torna-se fonte da verdadeira felicidade aos fiéis.

Diferentemente do que a mídia consumista nos induz a crer, a verdadeira felicidade não está em TER algo, mas em SER igual a Deus!

Felizes são os que não podem ser acusados de nada, que vivem de acordo com a lei de Deus, o SENHOR!” (Salmos 119.1).

Felizes os que guardam os mandamentos de Deus e lhe obedecem de todo o coração!” (Salmos 119.2).

Felizes as pessoas que sabem que são espiritualmente pobres, pois o Reino do Céu é delas” (Mateus 5.3).

Felizes as pessoas que choram, pois Deus as consolará” (Mateus 5.4).

Felizes as pessoas humildes, pois receberão o que Deus tem prometido” (Mateus 5.5).

Felizes as pessoas que têm fome e sede de fazer a vontade de Deus, pois ele as deixará completamente satisfeitas” (Mateus 5.6).

Felizes as pessoas que têm misericórdia dos outros, pois Deus terá misericórdia delas” (Mateus 5.7).

Felizes as pessoas que têm o coração puro, pois elas verão a Deus” (Mateus 5.8).

Felizes as pessoas que trabalham pela paz, pois Deus as tratará como seus filhos” (Mateus 5.9).

Felizes as pessoas que sofrem perseguições por fazerem a vontade de Deus, pois o Reino do Céu é delas” (Mateus 5.10).

Mas Jesus respondeu: —Mais felizes são aqueles que ouvem a mensagem de Deus e obedecem a ela” (Lucas 11.28).

4) A Bíblia é uma importante fonte de conhecimento

Há uma sede humana por respostas. A CIÊNCIA tem passos curtos: somente aceita o que consegue provar em laboratório, submeter a cálculos exatos ou à experiência dos sentidos. A FILOSOFIA almeja explicar o mundo de uma forma racional; consegue ir um pouco mais longe do que a ciência, mas não muito: somente aceita aquilo que lhe é racional, lógico.

Mas a FÉ CRISTÃ não tem limites. É crer no que foi dito, por plena confiança em quem disse! Sobre isso afirmou o Senhor Jesus “… porque me viste, creste? Bem-aventurados

os que não viram e creram” (Jo 20.29). A fé não é crer em qualquer coisa. É crer que a Bíblia é a suprema revelação de Deus e depositar nela completa confiança: “Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão” (Mateus 24.35). No deserto, o Senhor Jesus venceu satanás com a autoridade das Escrituras: “está escrito!” (Mt 4.4,7,10). E o próprio diabo se calou, atestando também crer em sua autoridade!

Somente a fé pode alcançar o que a ciência e a filosofia jamais poderiam. Aos filósofos a Bíblia fornece a única explicação satisfatória da origem do ser humano e do seu propósito neste mundo. Aos psicólogos fornece uma explicação verdadeira da personalidade humana e a solução fundamental para seus problemas. Aos historiadores relata eventos com exclusividade que não são encontrados em outras fontes. Aos cientistas explica “quem” criou e “porque” criou. Cabe a eles somente pesquisarem “quando” e “como” isto ocorreu.

Mauricio Capellari

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