Neste texto aprenderemos alguns conceitos fundamentais para o estudo da Educação Cristã: pedagogia, didática, educação geral e cristã, ensino, aprendizagem e teologia.

O QUE É EDUCAÇÃO

David L. Edwards define educação como “sistema de experiências de aprendizagens complexas, planejadas, organizadas, sistemáticas, propositadas,

deliberativas e intencionais, as quais em teoria provocam mudanças comportamentais na pessoa” (in GANGEL; HENDRICKS, p. 50).

Émile Durkheim afirmou que educação possui um sentido muito vasto que designa o conjunto de influências que a natureza ou as outras pessoas podem exercer sobre a nossa inteligência ou vontade. Segundo Emmanuel Kant, o objetivo da educação é desenvolver em cada indivíduo toda a perfeição da qual ele é capaz (Durkheim, p. 43,44).

A definição de Maria Lúcia Aranha enfatiza o desenvolvimento integral do ser humano:

A educação é um conceito genérico, mais amplo, que supõe o desenvolvimento integral do ser humano, quer seja da sua capacidade física, intelectual e moral, visando não só a formação de habilidades, mas também do caráter e personalidade social (p. 49).

O escritor Marcos Tuler (2004, p. 57) traz a seguinte definição para educação:

[Do lat. educatione, instrução, ensino; etimologicamente significa extrair, tirar de dentro].

Processo formativo que visa ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o mundo do trabalho.

Segundo o professor Luiz Alves de Mattos, a educação consiste na contínua transmissão dos valores do patrimônio cultural da geração adulta para a nova geração, visando a assegurar a continuidade da cultura e da organização social, bem como o progresso da civilização por meio de constante análise, crítica e revisão desses valores.

Neste sentido, a educação é um fenômeno mediante o qual o indivíduo se apropria em quantidade maior ou menor da cultura da sociedade onde se desenvolve, onde se adapta ao estilo de vida da comunidade, onde se faz o progresso.

O QUE É PEDAGOGIA

Segundo o Dicionário Houaiss, “Pedagogia é a ciência que trata da educação dos jovens, que estuda os problemas relacionados com o seu desenvolvimento como um todo; conjunto de métodos que asseguram a adaptação recíproca do conteúdo informativo aos indivíduos que se deseja formar”.

A palavra “pedagogia” provém do substantivo grego paidagogos, que procede do substantivo paidós e do verbo paideuo (criar, instruir, treinar, educar) e seus derivativos: paideia (criação, treinamento, instrução, disciplina); paideutes (instrutor, professor); paidagogos (curador, guia). O termo paidagogos refere-se usualmente a um escravo, cuja tarefa era conduzir meninos e jovens para a escola e trazê-los de volta, bem como supervisionar sua conduta de modo geral (LOPES, p. 124).

Marcos Tuler complementa este conceito:

[Do gr. pais, paidós, criança e ago, agein, dirigir, conduzir].

Estudo teórico ou prático das questões da educação e do ensino.

Em termos restritos, Pedagogia é a arte ou ciência de instruir, ensinar, educar ou conduzir as crianças. Conceitualmente, podemos dizer que é um conjunto de conhecimentos sistemáticos (doutrinas, princípios, métodos) referentes ao fato educativo.

Estudo do desenvolvimento da criança e dos meios mais eficientes de educá-la em função dos fins estabelecidos em cada sociedade.

A pedagogia bíblica estuda os ideais de educação segundo a concepção de vida cristã (TULER, 2004, p. 127).

O QUE É DIDÁTICA

A Didática é um ramo da ciência pedagógica que tem como objetivo o ensino e a prática de métodos e técnicas que possibilitam que o aluno aprenda por meio de um professor ou instrutor. É a “arte de ensinar”. Atualmente, didática é um ramo da Pedagogia e, além disso, é uma das principais matérias para que haja a formação dos professores (www.portaleducacao.com.br).

Libâneo (1990) define a didática como “teoria de ensino” e, afirma que:

A ela cabe converter objetivos sócio-políticos e pedagógicos em objetivos de ensino, selecionar conteúdos e métodos em função desses objetivos, estabelecer os vínculos entre ensino e aprendizagem, tendo em vista o desenvolvimento das capacidades mentais dos alunos. […] trata da teoria geral do ensino (www.portaleducacao.com.br).

O QUE É ENSINAR

A frase seguinte é atribuída a Mario Quintana: “Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas”. Diferente do que alguns educadores pensam e praticam, o ensino não é simplesmente uma transferência de conhecimento. É muito mais do que isso.

Ensinar, entretanto, não é somente transmitir, não é somente transferir conhecimentos de uma cabeça a outra, não é somente comunicar. Ensinar é fazer pensar, é estimular para a identificação e resolução de problemas; é ajudar a criar novos hábitos de pensamento e ação (PEREIRA; BORDENAVE, 1977, p. 185).

Observe os seguintes versículos:

“Então Moisés convocou todo o Israel e lhe disse: “Ouça, ó Israel, os decretos e as ordenanças que hoje lhe estou anunciando. Aprenda-os e tenha o cuidado de cumpri-los” (Dt 5.1 NVI – grifo nosso).

“E agora, ó Israel, ouça os decretos e as leis que lhes estou ensinando a cumprir, para que vivam e tomem posse da terra, que o Senhor, o Deus dos seus antepassados, dá a vocês” (Dt 4.1 NVI – grifo nosso).

“Porque Esdras tinha disposto o coração para buscar a Lei do SENHOR, e para a cumprir, e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juízos” (Esdras 7:10).

Luís Alonso Schökel (1997) também explica em seu Dicionário Bíblico que lamad apresenta os seguintes significados: no modo qal significa aprender, instruir-se, educarse, formar-se, adestrar- se, treinar, imitar; no modo piel é ensinar, instruir, educar, formar, doutrinar, lecionar, dar lições, adestrar, treinar, ensaiar explicar. Em outras palavras, no modo qal do verbo hebraico, que expressa a ação simples ou causal da raiz na voz ativa, a ideia é de aprender; no modo piel, que expressa uma ação intensiva ou intencional, o significado é ensinar.

Wilkinson (p. 22) conclui que ensinar, na Bíblia, significa “levar a aprender”. Dessa forma, não é possível considerar o ensino como a mera prática do professor à frente de uma sala de aula. Ensino é aquilo que o professor produz no aluno.

CONCEITO DE APRENDIZAGEM

A qualidade de um professor é medida pelo que os seus alunos aprenderam, pelo que seus alunos se tornaram. Este é o nosso objetivo.

Com relação à aprendizagem, D. V. Hurst afirma que:

Aprendizagem é a aquisição de algum conhecimento ou habilidade.

A aquisição de conhecimento é primordialmente intelectual e emocional, enquanto a aquisição de uma habilidade é essencialmente física, embora baseada em conhecimentos. A aprendizagem também inclui a aquisição ou desenvolvimento de ideais, atitudes e gostos. Estas coisas, no entanto, são secundárias à aquisição de conhecimento — resultam do conhecimento. Esta aquisição do conhecimento, então, é a parte básica da aprendizagem que resulta em crescimento, ajustamento, modificação e mudança do indivíduo (p. 102, grifo nosso).

O aluno constantemente está aprendendo. Se são normais as suas faculdades físicas e mentais, há de aprender. Com esta aprendizagem, vem a mudança. Cada conjunto de circunstâncias, cada pequeno estímulo, cada sensação ou impressão que surge em decorrência disto, cada expressão intima de impulso, e cada força latente cooperam juntamente para produzir aprendizagem e mudança (p. 102, 103).

Wilkinson (p. 36) afirma que a Lei da Aprendizagem é basicamente “levar a aprender”. A aprendizagem nunca é automática. O bom professor deve aceitar a responsabilidade de levar seus alunos rumo à essa aprendizagem.

Níveis aprendizagem

Hendricks (p. 41, 42) apresenta quatro níveis de aprendizagem que foram destacados pelo psicólogo Abraham Maslow. Do primeiro ao quarto, o nível de

aprendizagem vai aumentando:

1. Primeiro nível: é o mais baixo, é a ignorância inconsciente. Nesse nível não conhecemos o assunto e estamos inconscientes disso. Seria dizer: “não sei o que não sei”.

2. Segundo nível: é a ignorância consciente. Através da influência de terceiros, ou nós mesmos, passamos a ter uma ideia do que existe, mas não o conhecemos: “sei o que não sei”.

3. Terceiro nível: é do conhecimento consciente. É a consciência de que temos um conhecimento adquirido em nossa mente. Quando aprendemos a dirigir utilizamos as informações recém-aprendidas e as aplicamos.

4. Quarto (último nível) é do conhecimento inconsciente. Nesse nível dominamos tão bem o conhecimento que não pensamos mais nele. Por exemplo, após algum tempo de direção veicular, nem refletimos sobre o próximo passo a seguir. É automática a relação entre o que sabemos e o que fazemos.

Ensinar é conduzir o estudante a passar por esses níveis de conhecimento. Por mais que um professor saiba dirigir, é o aluno que precisa entrar no veículo com tranquilidade, ir e voltar com segurança.

No Curso de Teologia EAD do SETEFI, na área de Educação Cristã,você aprenderá que missão da igreja é fazer discípulos através do ensino das Escrituras e será capacitado a lecionar com uma adequada metodologia de ensino.

Mauricio Capellari

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