Muitas são as definições que se tem dado para a pergunta “O que a Filosofia?”, cada uma tentando dar uma reposta definitiva para esta indagação; são sentenças que vão desde o cunho religioso; como a grande maioria das religiões orientais; que adoram chamarem a si próprias da “filosofia”; passam por um sinônimo de que seja o “modus vivente” que alguém escolheu para si quanto por exemplo, ouvimos alguém dizer: “A minha filosofia de vida consiste em não comer carne vermelha”, ou ainda como sinônimo de “pensar” propriamente dito e é comum ouvirmos alguém dizer: fulano de tal está “filosofando”.

Mas afinal de contas o que é isso, a filosofia, que produz tantas respostas a cerca de si mesma e que assusta logo no primeiro contato? No nosso entendimento a filosofia se define como todo e qualquer tipo de conhecimento que se é possível adquirir através da utilização da razão pura; tanto como elementos de reflexão ou abstração intelectual. Portanto o conhecimento filosófico se adquire pelo poder de argumentação lógica; pela capacidade individual de raciocínio ou ainda pela força intelectual.

O ponto inicial da filosofia está onde se esgotam todas possibilidades de conhecimento da Ciência Positiva, isto é, onde terminam as possibilidades de se fazer uma observação imediata e concreta e; o nosso conhecimento prossegue tendo por base a reflexão e o esforço da razão ( isto é o saber filosófico ); e sendo vista assim a filosofia pode ser considerada como uma espécie de prolongamento racional das ciências positivas, a filosofia ultrapassa os limites destas ciência., Por exemplo: a matemática enquanto pode ser calculada e demonstrada com exatidão é ciência, mas quando entra no cálculo infinitesimal, começa a se transformar em filosofia; enquanto a psicologia estuda os fenômenos que podem ser perfeitamente testados e submetidos sem nenhum problema ao “reflexo condicionado”, sem dúvida que é ciência; mas quando se busca desvendar a natureza do indivíduo e as propriedades da sua alma, torna-se filosofia. Afinal, não existem ciências “puras”, pois todas elas se prolongam em abstrações de ordem filosófica.

Ainda se pode definir o que é filosofia da seguinte forma: a filosofia é a busca da verdade através da razão.


A REFLEXÃO FILOSÓFICA

A palavra reflexão (reflectere) significa movimento de volta sobre si mesmo ou movimento de retorno a si mesmo. Ser filósofo é refletir sobre o nosso próprio saber, interrogar-nos sobre ele. Logo, a filosofia leva o homem a um acréscimo de consciência e lucidez sobre seus próprios conhecimentos. Este processo tem por objetivo primordial estruturar uma visão sintética e sistemática do nosso saber e para fazermos isto, podemos tomar as seguintes atitudes filosóficas:

  1. Questionar:

Ser questionador significa ser curioso, perguntar a si mesmo e aos outros sobre tudo que está aí, questionar as diversas afirmações sobre a realidade, interessar-se pelas coisas e pensar sobre elas, suspeitar do que é dito facilmente. Vejamos algumas perguntas que suscitam questionamento:

  1. O que é?

O que são as coisas que estão à nossa volta, como se definem, o que significam, (os costumes, as crenças, a natureza). Quem somos nós, que significam nossas experiências, nossas ideias, sensações e emoções.

Isto é, os motivos as razões e as causas para pensarmos.

  1. Como?

Como funcionam as coisas naturais e humanas, isto é, qual o conteúdo ou o sentido do que pensamos.

  1. Por quê? Para quê?

Qual a finalidade ou objetivo das coisas, dos fenômenos, isto é, são perguntas sobre a essência e a significação ou estrutura das coisas.

  1. Investigar:

Buscar respostas para as questões e problemas, examinar e comparar essas respostas, para isto segue-se o seguinte caminho:

  1. formular hipóteses;
  2. comparar e examinar alternativas;
  3. Estabelecer critérios;
  4. Formular e desenvolver conceitos;
  5. Buscar princípios.
  1. Ampliar:

Levar sempre os detalhes em consideração e procurar ter uma visão mais ampla possível do assunto; para tanto é necessário:

  1. Considerar maneiras alternativas de ver a realidade;
  2. Procurar saber o que é conhecido;
  3. Imaginar novas possibilidades.


Não se esqueça: “A filosofia não é só uma doutrina, é uma atitude”. (Wittgenstein)

No Curso de Teologia EAD do SETEFI você estuda a filosofia, as disciplinas que a compõe, o problema da existência de Deus e o paralelo entre a filosofia e a teologia.

FILOSOFIA NÃO É SINÔNIMO DE ATEÍSMO

É com tristeza que constatamos que a simples menção do temo Filosofia, para muitos cristãos soa como algo terrível e diabólico, que conduz as pessoas a uma total negação da existência Deus, das coisas consideradas reveladas e do considerado Sagrado; ou seja; na sua interpretação exageradamente leiga e terrivelmente preconceituosa, a filosofia é a grande responsável por afastar o homem de seu criador e como se não bastasse, conduzindo ao Ateísmo ou Heresias terríveis.

Esse tipo de conclusão que muitos cristãos, de uma forma precipitada chegam, provavelmente se deve ao fato de que alguns dos expoentes da filosofia foram ateus convictos e incrédulos terríveis e possuidores de uma Hostilidade, aparentemente sem explicação para com a religiosidade, mui em especial para com o cristianismo. Entre estes podemos citar:

Ludwig Feuerbach – (1804 – 1872),filósofo Alemão, desenvolve sua crítica à religião nas obras. A essência do Cristianismo (1841), Princípios da Filosofia do Futuro (1843), A essência da Religião (1845) e Teogonia (1857). O jovem Feuerbach queria ser Teólogo, desejava tornar-se pastor Luterano, mas se deixou influenciar pelos pensamentos vigentes na época e tornou-se ateu.

Sigmund Freud – (1856 – 1939), Fundador da psicanálise moderna, afirma: “Deus é uma ilusão infantil”. Freud nasceu de uma família judaica Ortodoxa, e como tal foi educado, seu ateísmo também se deve a influências e experiências antirreligiosas. De um lado uma empregada Católica o obrigava a ir à missa todos os domingos, do outro a comportamento antissemita dos Cristãos da época, colaboraram para com seu Ateísmo.

Karl Marx – (1818 – 1883), nasceu na atual Alemanha, também de família Judia Ortodoxa, e seu discurso contra a religião se justifica principalmente pelo fato de que a igreja era aliada do Estado que por sua vez se utilizava do discurso da igreja para manter o povo submisso; daí a frase de Marx “A religião é o Ópio dos povos”.

Friedrich Nietzche – (1844- 1980), seu pai era Pastor protestante, chegou a tentar a carreira do pai e do avô, ou seja, tornar-se pastor. Com o falecimento do pai. Nietzsche muda o seu rumo e torna um grande inimigo do Cristianismo; é dele as frases: “Deus está morto”, “O cristianismo só gerou conformismo e mediocridade”. Mas, próximo de sua morte escreveu ao seu amigo Peter Gast: “Não importa o que eu tenha dito sobre o Cristianismo, não posso esquecer que lhe sou devedor das melhores experiências de minha vida espiritual; e espero que, no fundo do meu coração, jamais venha ser ingrato para com ele”.

Ainda destes filósofos Ateus que podemos citar, e entre eles estão os nomes também muito conhecidos no campo da filosofia, como: Bertrand Russel, Jean Paul Sartre e Voltaire.

Mas, em contraponto a estes ateus convictos, podemos enumerar uma série de outros grandes filósofos que acreditaram piamente na Bíblia Sagrada e nas verdades cristãs e, não somente criam, mas as defendiam com veemência e coragem; entre estes podemos citar:

Agostinho – (354 – 430), até completar 32 anos Agostinho não era cristão, teve uma vida voltada para os prazeres do mundo, foi professor de retórica em escolas romanas; converteu-se quando passou a buscar um sentido para a vida e passou a ser um grande defensor da fé cristã. Dizia Agostinho: “Ser livre é servir a Deus, pois o prazer de pegar é a escravidão.

Tomás de Aquino – (1226 – 1274), Cristão convicto, é considerado o maior filósofo da escolástica medieval. Sua filosofia tinha objetivos bem claros: não contrariar a fé cristã: entre seus escritos mais famosos está a Suma Teológica, onde ele faz uma defesa veemente da existência de Deus.

Blaise Pascal – (1623 – 1662), filósofo francês, inventou a primeira calculadora e produziu grandes obras no campo da física; dizia que: “O homem sem a misericórdia de Deus, vive na miséria”.

Entre os filósofos cristãos podemos ainda citar os nomes de: Alberto Magno, Anselmo e Hegel; e outros mais, com atitudes positivas em relação à religião e a fé cristã tais como John Locke, William James, Henri Bergson, Max Scheler, Maurice Blondel, Rudolph Otto, Martin Buber e Sören Kierkegaard.

Acredito que, com a menção destes pensadores cristãos, o estudo de seus escritos e de suas histórias fica provado que um bom filósofo pode ser ao mesmo tempo um bom cristão, convicto e poderoso; basta que ame ao Senhor seu Deus, creia na Bíblia como Palavra de Deus e pratique aquilo que está escrito neste livro santo.

Sadrac Pereira

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